Apenas 10% das infrações e 18% dos acidentes são cometidos por mulheres
Publicação: 18/03/2012 07:13 Atualização:
Sérgio Henrique Santos e Juliska Azevedo, especial para O Poti
O que já se dizia popularmente por aí foi comprovado com dados estatísticos divulgados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RN). As mulheres conduzem melhor seus veículos do que os homens. Apenas 10% das infrações são cometidas por mulheres ao volante, e do total de condutores envolvidos em acidentes de trânsito no Estado somente 18% são mulheres.
Contudo, elas representam menor número do total de condutores habilitados, conforme consta na Coordenadoria de Habilitação. Enquanto são 435.629 os homens habilitados, representando um total de 72,8% dos motoristas, as mulheres totalizam 162.997 condutoras, ou 27,2% dos condutores. Os dados se referem a um levantamento feito pelo Setor de Estatísticas da Subcoordenadoria de Informática do Detran, a pedido de O Poti/Diário de Natal.
Pois bem, do total de apenas 10% das infrações, as mais comuns cometidas pelas mulheres ao volante são: "Transitar pela contramão de direção em vias de sentido único", com 25,4% do total; "Dirigir utilizando-se de fone nos ouvidos ou telefone celular" responde por 24,9% das infrações cometidas pelas mulheres, seguido de "Executar conversão à direita/esquerda em locais impróprios", com 13%.
A maior parte das mulheres do sexo forte ao volante se dá bem nos testes médicos e psicológicos obrigatórios para se retirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Em 2011, foram 3.480 mulheres reprovadas no exame prático, o primeiro teste para obter a carteira, um total de 34% dos reprovados.
Perfil das condutoras
Outro aspecto interessante dos dados divulgados pelo Setor de Estatísticas do Detran-RN diz respeito ao perfil das condutoras por categorias. A maior parte utiliza carros e motos. A maior concentração é do tipo "B" (carro), com 113.197 condutoras habilitadas, ou 69,4% do total. Já a habilitação "AB" (carro e moto), contam 44.502 carteiras emitidas, ou 27,3% do total, enquanto que a "A" (moto), somam 3.225 condutoras, ou 2% do total.
Por fim, há menos mulheres conduzindo caminhões, ônibus ou veículos mais pesados. Com carteira "C" (caminhões), são 647 condutoras (apenas 0,4% do total), conduzindo passageiros, categoria "D" (ônibus), são 1.374 mulheres habilitadas (ou 0,8%) e "E" (carretas), com 52 habilitadas no Rio Grande do Norte, um percentual que não passa de 0,01%.
O mercado reconhece que as mulheres oferecem menos riscos ao volante. Até mesmo fazer seguro do carro é mais barato para as mulheres. "As seguradoras tratam as mulheres como diferenciais. Como o seguro tem franquias e como as mulheres são menos atiradas no trânsito, podem até bater o carro como o homem. Estatisticamente sai mais barato. A taxa de risco da mulher é mais barata", explicou Roberto Máximo, que tem uma seguradora de carros. "A mulher é mais prevenida. Claro que existem as loucas de plantão, mas felizmente não são todas".
Prudência que serve de exemplo
O fato de cometerem muito menos infrações no trânsito não significa, necessariamente, que as mulheres dirijam melhor. Mas, com certeza, que são mais prudentes - e os homens deveriam seguir este exemplo. A opinião é da técnica em manutenção da Petrobras, Maria de Fátima Azevedo, 48 anos, que tem pelo menos 20 anos de experiência em direção, sem jamais ter passado por nenhuma ocorrência grave e somando pouquíssimas multas nas duas décadas.
Fátima ressalta que as mulheres, sem dúvida, são mais precavidas quando estão dirigindo e evitam a "competição" por espaços, tão natural entre os homens. "Normalmente, se um motorista demonstra que quer ultrapassar outro, aquele acelera para manter seu espaço. Já as mulheres costumam ceder com mais naturalidade", exemplifica. "O homem tende a ser mais ousado e agressivo no trânsito".
Principal motorista da casa desde sempre, Fátima acha que dirigir bem não tem nada a ver com o gênero do motorista. "Depende de cada um. Tem homens e mulheres que dirigem bem e mal. Mas acho que os homens deveriam aprender conosco a serem mais prudentes. Para evitar acidentes não basta só saber dirigir, mas estar atento à frente e praticar a direção defensiva", ressalta.
Fátima nunca recebeu multa pelas duas infrações mais comuns entre as mulheres: falar ao celular e dirigir na contramão. "Não falo ao celular dirigindo", afirma. A última vez que foi multada foi no radar do início da Rota do Sol, onde só pode se passar a até 50 km por hora e ela passou com 58 km/h. "Foi no ano passado. Só achei injusto porque paguei o mesmo valor de quem passa com 70 km/h, por exemplo. A classificação do nível da infração deveria ser melhor distribuída", opina.
Preconceito
Sobre o preconceito contra as mulheres ao volante, Fátima acredita que diminuiu muito nos últimos anos, mas não é referente apenas à atuação da mulher como motorista. "Não vejo o preconceito contra as mulheres especificamente no trânsito. O que vejo é que os homens mais machistas, que criticam as mulheres na direção, são os mesmos que não as aceitam em posição de destaque na sociedade, como em cargos de chefia, por exemplo" compara.
Para Fátima, a nova geração vê a presença da mulher no trânsito com outros olhos. "Os homens mais jovens são mais abertos. Já assimilam que nosso país é dirigido por uma mulher, assim como outras nações. Os direitos são iguais". Direitos iguais, na opinião dela, incluem a "parte ruim" da responsabilidade de dirigir. "Se precisar trocar pneu do meu carro, eu mesma troco! Se um homem passar e oferecer ajuda, aceito, é claro. Mas já fiz o trabalho sozinha algumas vezes", conta.
Perfil das condutoras potiguares
Número de condutores no Rio Grande do Norte (até 12/março de 2012)
Sexo | Número de condutores | Percentual
Feminino | 162.997 | 27,2%
Masculino |435.629 | 72,8%
TOTAL | 598.626 | 100%
Elas são mais multadas do que os homens?
Não, apenas 10% das infrações são cometidas por mulheres.
Elas provocam mais acidentes que os homens?
Não. Dos condutores envolvidos em acidentes de trânsito, 18% são mulheres,
Qual o tipo de infração mais cometida pelas mulheres no trânsito?
Transitar pela contramão de direção em vias Sentido Único | 25,4%
Dirigir utilizando-se de fone nos ouvidos/telefone celular | 24,9%
Executar conversão à direita/esquerda em locais proibidos | 13 %
Percentual de mulheres reprovadas no primeiro teste para obter a carteira | 3.480 reprovadas no exame prático em 2011, representando 34% do total dos reprovados
Número de condutores por categoria (até 12/março de 2012)
Categorias | Número de condutoras | Percentual
A | 3.225 | 2%
AB | 44.502 | 27,3%
B | 113.197 | 69,4%
C | 647 | 0,4%
D | 1.374 | 0,8%
E | 52 | 0,0%
TOTAL | 598.626 | 100%
O que já se dizia popularmente por aí foi comprovado com dados estatísticos divulgados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RN). As mulheres conduzem melhor seus veículos do que os homens. Apenas 10% das infrações são cometidas por mulheres ao volante, e do total de condutores envolvidos em acidentes de trânsito no Estado somente 18% são mulheres.
Contudo, elas representam menor número do total de condutores habilitados, conforme consta na Coordenadoria de Habilitação. Enquanto são 435.629 os homens habilitados, representando um total de 72,8% dos motoristas, as mulheres totalizam 162.997 condutoras, ou 27,2% dos condutores. Os dados se referem a um levantamento feito pelo Setor de Estatísticas da Subcoordenadoria de Informática do Detran, a pedido de O Poti/Diário de Natal.
Pois bem, do total de apenas 10% das infrações, as mais comuns cometidas pelas mulheres ao volante são: "Transitar pela contramão de direção em vias de sentido único", com 25,4% do total; "Dirigir utilizando-se de fone nos ouvidos ou telefone celular" responde por 24,9% das infrações cometidas pelas mulheres, seguido de "Executar conversão à direita/esquerda em locais impróprios", com 13%.
A maior parte das mulheres do sexo forte ao volante se dá bem nos testes médicos e psicológicos obrigatórios para se retirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Em 2011, foram 3.480 mulheres reprovadas no exame prático, o primeiro teste para obter a carteira, um total de 34% dos reprovados.
Perfil das condutoras
Outro aspecto interessante dos dados divulgados pelo Setor de Estatísticas do Detran-RN diz respeito ao perfil das condutoras por categorias. A maior parte utiliza carros e motos. A maior concentração é do tipo "B" (carro), com 113.197 condutoras habilitadas, ou 69,4% do total. Já a habilitação "AB" (carro e moto), contam 44.502 carteiras emitidas, ou 27,3% do total, enquanto que a "A" (moto), somam 3.225 condutoras, ou 2% do total.
Por fim, há menos mulheres conduzindo caminhões, ônibus ou veículos mais pesados. Com carteira "C" (caminhões), são 647 condutoras (apenas 0,4% do total), conduzindo passageiros, categoria "D" (ônibus), são 1.374 mulheres habilitadas (ou 0,8%) e "E" (carretas), com 52 habilitadas no Rio Grande do Norte, um percentual que não passa de 0,01%.
O mercado reconhece que as mulheres oferecem menos riscos ao volante. Até mesmo fazer seguro do carro é mais barato para as mulheres. "As seguradoras tratam as mulheres como diferenciais. Como o seguro tem franquias e como as mulheres são menos atiradas no trânsito, podem até bater o carro como o homem. Estatisticamente sai mais barato. A taxa de risco da mulher é mais barata", explicou Roberto Máximo, que tem uma seguradora de carros. "A mulher é mais prevenida. Claro que existem as loucas de plantão, mas felizmente não são todas".
Prudência que serve de exemplo
O fato de cometerem muito menos infrações no trânsito não significa, necessariamente, que as mulheres dirijam melhor. Mas, com certeza, que são mais prudentes - e os homens deveriam seguir este exemplo. A opinião é da técnica em manutenção da Petrobras, Maria de Fátima Azevedo, 48 anos, que tem pelo menos 20 anos de experiência em direção, sem jamais ter passado por nenhuma ocorrência grave e somando pouquíssimas multas nas duas décadas.
Fátima ressalta que as mulheres, sem dúvida, são mais precavidas quando estão dirigindo e evitam a "competição" por espaços, tão natural entre os homens. "Normalmente, se um motorista demonstra que quer ultrapassar outro, aquele acelera para manter seu espaço. Já as mulheres costumam ceder com mais naturalidade", exemplifica. "O homem tende a ser mais ousado e agressivo no trânsito".
Principal motorista da casa desde sempre, Fátima acha que dirigir bem não tem nada a ver com o gênero do motorista. "Depende de cada um. Tem homens e mulheres que dirigem bem e mal. Mas acho que os homens deveriam aprender conosco a serem mais prudentes. Para evitar acidentes não basta só saber dirigir, mas estar atento à frente e praticar a direção defensiva", ressalta.
Fátima nunca recebeu multa pelas duas infrações mais comuns entre as mulheres: falar ao celular e dirigir na contramão. "Não falo ao celular dirigindo", afirma. A última vez que foi multada foi no radar do início da Rota do Sol, onde só pode se passar a até 50 km por hora e ela passou com 58 km/h. "Foi no ano passado. Só achei injusto porque paguei o mesmo valor de quem passa com 70 km/h, por exemplo. A classificação do nível da infração deveria ser melhor distribuída", opina.
Preconceito
Sobre o preconceito contra as mulheres ao volante, Fátima acredita que diminuiu muito nos últimos anos, mas não é referente apenas à atuação da mulher como motorista. "Não vejo o preconceito contra as mulheres especificamente no trânsito. O que vejo é que os homens mais machistas, que criticam as mulheres na direção, são os mesmos que não as aceitam em posição de destaque na sociedade, como em cargos de chefia, por exemplo" compara.
Para Fátima, a nova geração vê a presença da mulher no trânsito com outros olhos. "Os homens mais jovens são mais abertos. Já assimilam que nosso país é dirigido por uma mulher, assim como outras nações. Os direitos são iguais". Direitos iguais, na opinião dela, incluem a "parte ruim" da responsabilidade de dirigir. "Se precisar trocar pneu do meu carro, eu mesma troco! Se um homem passar e oferecer ajuda, aceito, é claro. Mas já fiz o trabalho sozinha algumas vezes", conta.
Perfil das condutoras potiguares
Número de condutores no Rio Grande do Norte (até 12/março de 2012)
Sexo | Número de condutores | Percentual
Feminino | 162.997 | 27,2%
Masculino |435.629 | 72,8%
TOTAL | 598.626 | 100%
Elas são mais multadas do que os homens?
Não, apenas 10% das infrações são cometidas por mulheres.
Elas provocam mais acidentes que os homens?
Não. Dos condutores envolvidos em acidentes de trânsito, 18% são mulheres,
Qual o tipo de infração mais cometida pelas mulheres no trânsito?
Transitar pela contramão de direção em vias Sentido Único | 25,4%
Dirigir utilizando-se de fone nos ouvidos/telefone celular | 24,9%
Executar conversão à direita/esquerda em locais proibidos | 13 %
Percentual de mulheres reprovadas no primeiro teste para obter a carteira | 3.480 reprovadas no exame prático em 2011, representando 34% do total dos reprovados
Número de condutores por categoria (até 12/março de 2012)
Categorias | Número de condutoras | Percentual
A | 3.225 | 2%
AB | 44.502 | 27,3%
B | 113.197 | 69,4%
C | 647 | 0,4%
D | 1.374 | 0,8%
E | 52 | 0,0%
TOTAL | 598.626 | 100%
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